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Um viver com Yoga ou às custas dele?



Aprendendo a viver do yoga, se pressupõe então a sua filosofia com um poder intrínseco (a priori, de nascimento, casta, posses, real, raja?) em resolver todos os seus problemas (e dos outros). E essa crença ganha corpo. Este é um yoga IGUAL, ele está pronto - é perene, bradam os sedentários, os haters, àqueles que odeiam e ressentem-se do Outro, o diferente... esquisito esse yoga, né? Acreditam que é só copiar o antigo hoje, adaptar-se, mutilar-se para encaixar o velho no novo. É, ao mesmo tempo, um romantismo e ingenuidade. Mas até aí, tudo bem. Mas não, só reconhecer o Outro, o diferente de mim é pouco. Eles precisam eliminar o esquiZito. Os pequeno-fascistas nascem desse sentimento de aniquilação do plural.


Não, nós esquizoyogi(ni)s não desejamos ser respeitados por vocês! Pode criticar, percam seus tempos que correm estratificados com olhos no passado em soslaio de Capitu no melhores tempos que virão (se deus quiser - suspiram confiantes que a plenitude os aguardam após tarefas serem cumpridas).


Os yogi(ni)s idealistas, metafísicos, diferenciam seus yogas em prática|física|inferior|hatha|tantra e a meditação|mental|superior|raja|real. É o corpo aos yogi(ni)s sedentários, sentados em suas imaginárias tradições|escolas|linhagens "superiores"|perenes, a sede das paixões|desejos (ou produtor delas), portanto, do "turbilhão da mente". Mas é mesmo! O corpo é movido pelo desejo e dos pensamentos da mente. Na verdade, a mente pode ser um reflexo|resíduo do corpo e dos pensamentos, ideias, ilusões, utopias, mayas, cores, sentimentos... E que lindo isso! - brada um yogi(ni) livre-pensador criador de linhas-de-fuga criadoras em seu processo (sempre único|singular) de retomada do processo criativo da vida. Os esquizoyogi(ni)s não são transcedentalistas, pois "amar e mudar as coisas" nos interessam mais do que "coisas do oriente, romances astrais (...) e nossos delírios são "experiiencias com coisas reais".


Esta mente|consciência (citta) quando quieta|obediente|serva|calma|submissa aos subversivos e revolucionários corpos permitiria que pensamentos adequados fossem "absorvidos". Há uma velha crença que as virtudes humanas estariam ali, a espreita, aguardando apenas um momento de "quietude" para revelar a verdadeira "essência" aos yogi(ni)s sedentários e cansados: "que organizem minha vida de fora", pois desejo um tirano|mito|guru (e quanto mais longe - geograficamente e culturalmente - este for, melhor. É melhor não saber que o mito-mestre-(...)ananda qualquer possua defeitos, pois não posso suportar que não haja seres perfeitos, pois então, onde estariam meus modelos a copiar|seguir? Estaria perdido e precisaria construir o meu próprio caminho no yoga? Mas eu posso? Não precisarei antes um nome iniciático, ter um mestre, um mantra sagrado, um cordão no peito ou receber símbolos místicos antes?


Sim, os esquisos já se ligaram que tudo é uma ilusão igual aos sedentários e convertidos; mas nós sabemos mesmo os yogas também o são. Mas até o vedanta, yogasutras e os pradipika? Sim, mas nos regozijamos com isso! Acabaram as crenças, estamos livres! Acreditamos nas tradições sim, nos livros sagrados, mas eu vim do Todo e não fui criado por Ela(e); preciso desenhar?


Enquanto os que vivem DO(s) Yogas estabelecem suas verdades em uma ordem cósmica (a mesma que estabeleceu as castas indianas e a república de Platão e Aristóteles). E onde estão, nesta ordem (hoje), os negro(a)s favelada(o)s, vulneráveis e periféricos yogi(ni)s no sambódromo e CRAS da ilha mágica, aos do norte carioca ou os novos baianos que sarram seus yogas africanos, espíritas, umbandistas e xamânicos do norte? Eles foram deixados de fora dessa ordem e|ou não se deixaram ser organizados por yogi(ni)s "mais estudados" e viajados por Varanasi. Não, estes esquizitos|malandros yogi(ni)s vem desenhando suas linhas-de-fuga criadoras, sobrevivendo e apropriando-se dos yogas. São estes os yogi(ni)s, herdeiros (será?) de yogi(ni)s indianos que viajaram escondidos em caravelas de Goa ao Brasil e foram engolidos por algum carijó, tuninambá ou charrua antropófago? Enquanto os cansados ainda esperam seus "dharmas" chegarem e cumprem obedientemente seus "karmas", os nomádicos esquizitos yogi(ni)s aprenderam a viver COM|através dos yogas que existiram, existem e existirão, pois vivo.


São yogas como Máquinas-de-Guerra contra Aparelhos-de-Captura dos desejos. Os yogi(ni)s nomádicos desenvolvem em si a virtude do guerreiro (como um dos filhos de Shiva: Skanda). Antes do desejo pequeno-fascista de aniquilar o diferente (o não-tradicional, o sem linhagem, o pária e sem-linhagem?), visam a transformação social, ao contrário dos hater's yogi(ni)s que investem tempo, não na produção de suas vidas, mas em retóricas de aniquilação com medo da morte de sua linhagem, apegado ao "valor dos valores" do mestre e na energia para sustentar suas dispendiosas vidas outra que não a sua.

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