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Foto do escritorPhD. Roberto Simões

YOGA COMO MAGIA


Todo {maya} é a feitiço que des(IN)forma - elimina toda formação que vem de dentro. Estes enfeitiçados (ou desinformados) são {avidyanos}, aqueles desatentos e viventes de um sistema feiticista sem feiticeiros - o capitalismo. Todos aqui {enfetichizados} pela moeda, são povos da mercadoria, dedicam suas tristes vidas ao culto do capital e idolatram acumuladores de coisas ou símbolos. Yogin-autêntico é um mandingueiro, mas também existe o yogin-capturado que vive da reprodução. Enquanto aquele liberta corpos enfeitiçados, portanto, dóceis e domesticados; este aprisiona corpos, renovando fetiches|feitiços, assim, orbitando uma comunidade moral.


Yogar, portanto, são atos mágicos {desavidyanizadores}. Essa prática ritual magista desfaz encantamentos, mas não para desencantar mundos, mas abrir novos e outres portais de acesso a mundos ainda não visitados por corpos divididos por raças, castas, classes, gêneros, karmas, etc. Como retomar o processo criativo da própria vida (desenfeitiçar-se) sem decair num novo maya|feitiço, e pior, acreditar que des-cobriu um mundo desencantado e perder o {sankalpa| propósito} da vida como Schopenhauer?


A resposta é inventando e|ou visitando novas e outras estéticas da existência, em suma, se transformando num yogin-mandingueiro, aquele mago à espreita (ou pleno), portanto, em nomadismo. Este yogin-mandingueiro é pleno e IN-conFormado, sempre sendo. É uma contradição o que se (a)FIRMA aqui, na palavra e gesto, apenas aos enfeitiçados, pois captutados pelo símbolo mágico da metafísica, buscam alcançar ideais. Não são nômades, mas peregrinos que nunca chegarão a Compostela. Ficarão indo e vindo entre os diversos caminhos que dizem levar a Espanha, mas se perderão, pois não as "setas amarelas" não existem e se comportarão como o mestre dos magos e a unicórnio da Caverna do Dragão.


Os yogins sacerdotes, os "guardiões da tradição" são feiticeires também, mas capturados (ou convertidos) a um modo de existir que creem (ou fingem acreditar) ser perenes, são assim, magos enfeitiçados. Todes os feiticeires são aqueles que transitam por entre mayas ou mundos mágicos; são demiurgos, seres-entre. Ser xamã não significa ser um santo, e todo santo é parte humano.


Atualmente vivemos sob um sistema altamente feiticista, mas sem feiticeiros. Estão todes encantados pelo capital e os que ousam quebrar essa demanda capitalista são desacreditados, queimados, cancelados, possuem "poucos likes e seguidores" (o grande legitimador de realismo).



Eu agora estou enfeitiçando seu corpo agora, pois toda palavra é mágica. Estou mantrando no seu ouvido, abrindo novas cartografias experimentais de esquecimento e dissolução do seu eu-social. Com o poder mágico das palavras bem dis-postas visando in-dispor um jeito, talvez, im-posto (mayatico, portanto, mágico) de vida que, mesmo que não seja potente|alegrador, se apresenta única, "é assim que é", e não tem outro jeito de estar.


Você está enfeitiçado e eu despachando quebra de demanda aos seus olhos. São gestos mágicos que realizo agora, numa plataforma (mídia social?) que, em geral, é usada para captura, mas aqui a utilizo para lhe re-capturar de volta a vida pulsante da imanência. Estamos aqui, juntes, em pleno processo de voo xamânico para fora do seu cotidiano que lhe enreda a outro. O meu não é menos enfeitiçado do que o seu, é só outra estética, uma nova cartografia possível. Ao final dessa leitura|voo xamã você vai retornar, mas, se minha contra-feitiçaria política produzir o efeito desejado em desfazimento da demanda imposta ao seu corpo, meu serviço mágico foi um sucesso. Você vai sair dessa experiência mais provisório e menos definitivo. Ter dúvidas é uma benção. Sinta-se abençoado!


Todo yogar-autêntico opera no desfazer do sentido imediato do mundo, essa ordem social vigente, que lhe mantém preso na casa-grande da verdade, enquanto é nas senzalas, quilombos, entre os beiradeiros e povos da floresta que vivem os yogins-feiticeires trabalhando incessantemente na quebra-de-demanda dos encantos que desencantam tantas outras formas (e forças| desejos) de existência. Yogin é tode aquele que apreendeu mundos diferentes e sabe negociar com|entre eles. Às vezes inventa um para si, mas com o cuidado|prudência de não acreditar ser o Último; por isso, são, em essência, como Skanda, guerreires contra o Estado, dançando como Shiva-Durga e abrindo novos caminhos, como Ganesha e seu machado de Xangô.


Nunca se esqueça que Purusa é só um espelho, não há nada atrás dele, a não ser teias de aranha e pó. Como espelho, Purusa reflete mundos inventados por corpos em relação, corpos se tocam, se esfregam, produzindo calor e fogo (tapas). Toda prática de yoga é alimento de fogo mágico na criação de mayas; por isso, é sempre uma dança à beira do precipício os yogamentos da vida vivida, pois se pode facilmente cair nas facilidades metafísicas representativas idealizadas e hermenêuticas ocultistas do que "se está por trás". O contra-feitiço a isso opera no despacho da experimentação e dos esquecimentos.


Oxalá samadhis lhe façam incorporar corpos sem órgãos que lhe desorganizem e a super lucidez vivekissima invente jnanas impossíveis e o colem de novo a realidade é o afaste do pleno, do vazio e demais estruturas estruturantes de vidas que nunca serão.



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