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Yogis Nomádicos: como fazer a passagem de replicante-sacerdote à nômade-filósofe


É mister antes, romper ou desnudar os sistemas de validação hegemônicos que yogis dominantes impuseram em você, em geral formados por homens brancos, classe média e com lastros de matriz indianas em suas narrativas.


Buscam os yogi(ni)s nômades, romper consensos por "bom-sensos yoguicos"; são aqueles, portanto, que respeitam todas as singulares vidas e desejam ser atravessados por (seus) yogas, nem sempre “agraciados” pelos dominantes.


Os nômades então, construtores de yogas bonsensuais, tornam a membrana, que divide o que é do que não é yoga, porosa. Portanto, os yogi(ni)s nômades vem expandindo os limites da definição de yoga até um ponto que não seja mais possível conceituar yogas baseados em formas.


São livre e independentes, mas não solitários e narcísicos. Estes, yogi(ni)s solitários e narcísicos, são os filhes da modernidade e do neoliberalismo, todes empresários de si-mesmos e escravos de suas próprias super-estruturas yoguicas de devoção que os aprisionam (servidão voluntária); e não sabem mais sair, por isso, cansados e percebendo o campo yoguico “decadente”.

Passam o dia (re)produzido valores, ideologias e interpretando o que um yogi indiano morto quis dizer. São replicantes.


Os nômades são livre-pensadores, pois não se deixam mais capturar pelos yogas-forma: as instituições yoguicas muito mais afetadas e afetando por sentimentos de religiosos. Os nômades estão mais próximos da filosofia: a criadora de conceitos e outros jeitos mil de se viver yoga.

Estes tem dúvidas e aqueles certezas.


Os nômades também se caracterizam por desenvolverem inteligência política do momento histórico em que vivem e dos outros. Buscam a participação popular e são, eminentemente, resistência aos aparelhos de captura yoguicos, (re)produtores de consensos hegemônicos.

Por isso não desprezam o passado, o antigo, mas não os veneram como deuses ou divindades “perfeitas em si-mesmas”.


As yogi(ni)s nômades são os que melhor captam (intuição ou viveka) o significado do momento, construindo novas|outras soluções (yoguicas) à problemas reais (e não metafísicas).


Yoga pra eles, é só um “veículo” ou “máquina de guerra” de uma dada coletividade, e nunca soluções universalistas que, alucinadamente, imaginando, inclusive, “posições“ pré-estabelecidas em que nascemos prontos a ocupar no mundo; como se bastasse apenas “descobrir|desvelar” esse “maya?”, e aí tudo ficará bem.


Esse pensamento infantil é o que sustenta ainda hoje, muitos sacerdotes hindus e líderes carismáticos, como o sistema de castas indiano ou os modelos políticos de Platão e Aristóteles: há sempre um inimigo, um demônio a enfrentar que me impendem de ser plenos? - os "sem-castas" para Patanjali, os ingleses aos nathas, os não-atenienses aos gregos Platão e Aristóteles e aos yogas-Outro "sem tradição, hoje em dia.


Certa dose de bom-senso é sempre desejável aos yogi(ni)s nômades. Pois produtores de uma “revolução passiva” ou orgânica, como diria Gramsci em Debrun; ou ainda “rizomática” em Deleuze e Guatarri.

É o oposto, portanto, do yoga que busca “dar frutos”; não, os nomádicos afetam e são afetados para estourar limites pré-fixados e inculcados pelos dominantes aos dominados|camelos do yoga, que deixam de viver suas singularidades tesudas para se “adaptar” à igrejas do yoga e|ou seitas e seus líderes carismáticos (e “iluminados”).



Os cursos de “formação de yogi(ni)s”, como o nome já deixa claro, são, na sua imensa maioria, sistemas de coerção à teologia dominante e não, como poderia ser, espaços de diálogo para expansão das filosofias yoguicas ou processos bonsensuais yoguicos.

Ensinam exatamente (e se esmeram nisso) o que é yoga, o que seus “formados” devem (e irão) sentir com as práticas... castram yogi(ni)s ensinando o que estes devem desejar.


Em suma, repetem, mecanicamente, modelos hegemônicos de construção de como se postar, respirar, rezar, se limpar, em que acreditar, instituindo modelos de “vida de Yogi(ni)”.

Se isso não é uma linha de produção de replicantes aos moldes de um filme de Chaplin ou da Ford, não sei o que é.


Pois, pensa comigo, que outro jeito os yogis "tradicionais" dominantes do campo espiritual Yoga fariam, para uma professora de yoga conseguir aguentar passar a vida repetindo as mesmas frases, lendo sempre da mesma textos em letras mortas, passar e repassar as mesmas sequências de posturas, cantos e, ainda assim, estarem "orgulhosas" em fazer tudo igual a um indiano misógino de 5 mil anos atrás?


Pois esse é o grande “diferencial em minhas aulas”, afirma a mesma yogi(ni) sedentário|dominante e dominada (uma servil voluntária): fazer tudo igual, sentir tudo igual, cantar no mesmo tom, comer as mesmas comidas, viajar aos meus lugares, decorar os mesmos sutras... são processos neuróticos (sentimento de falta) e paranóicos (tem alguém olhando se faço certo e é “meu dever moral” manter a tradição intacta (parampara), murmura consigo mesmo trêmula e suando frio, pois nada pode sair do SEU lugar.


Algo (seu corpo sem órgãos) diz que não está nada bem, mas não compreende que esse mal-estar vem da servidão voluntária. Não, inculcaram nela, que não se pode duvidar: pensamentos são VRTTIS, não é mesmo?

Vida de camelo carregando “o valor dos valores” do líder carismático com suas longas barbas de dominância ou total ignorância mesmo.

É extremamente cansativa essa vida yoguica de camelo, sedentária, neurótica e paranóica. Aí, ele ou ela, deixa o yoga de lado: “não é pra mim ESSA vida!”. Verdade, mas há outras vidas yoguicas, não só essa servil que você não experimentou. Há mil platôs yoguicos a viver. Mas não ensinaram isso ainda a ele(a).

Os cursos yoguicos nomádicos ensinam (poucos, mas há) yogi(ni)s a pensar por si mesmos, onde as “técnicas” do yoga são apresentadas como uma “caixa de ferramentas”.



Em outras palavras, a integração do yogi(ni) BR aos valores do seu campo espiritual dominantes é uma operação de quase 70 anos em operação, que excluiu por completo o bom-senso. Portanto, não pode ser denominada de filosofia, pois esta, exige, obrigatoriamente, DIÁLOGO.


E diálogo traz dúvidas, conflitos, contradições, acomodações, cismas... e, óbvio, diminui, drasticamente, conversões|adesões à uma ideologia baseada em textos “perfeitos em si-mesmos”, líderes carismáticos “iluminados” e seus delirantes pensamentos transcendentalistas, megalomaníacos e narcisistas.


Quem é um “representante autorizado” e “principal intérprete e comentador” de Nietzsche ou do Vedanta, por exemplo, não é um filósofo na acepção da palavra, mas um replicante das ideias que ele acha que seu filósofo predileto quis dizer. Ou pior, que no curso que ele estudou disseram pra ele repetir.

Triste vida de Policarpo Quaresma!


Do mesmo modo, Shankara, Patanjali, Kant, Bergson ou Iyengar estariam cagando pra um comédia latino-americano (ou francês...) que acha que sabe o que ele quis dizer.

O que vive da “tradição” perde tempo de, ao invés de criar vidas tesudas para si mesmo e afetar e ser afetado por outras vidas yoguicas, igualmente plurais e tesudas, passa a sua tentando adivinhar o que outro quis dizer e lutando pra se enquadrar em uma só vida de yogi(ni).

Yogi(ni)s-Filósofos criam suas formas fluídas e criativas de viver o momento histórico e construir soluções pra seus problemas e da sua coletividade.


Quer se aprofundar nesse rolê como gente grande? Acessa meu site em www.yogacontemporaneo.com



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